Seth Godin - Zig Ziglar
Foi a voz de Ziglar, gravada em fitas cassete, que ajudou Godin a atravessar a fase mais difícil da sua carreira
Seth Godin é um autor consagrado por livros como "A Vaca Roxa", “Marketing de persuasão” e “Tribos”. Mas no início da sua carreira, ainda desconhecido, ele passou cinco anos apresentando o projeto do seu primeiro livro para editoras. Recebeu 800 cartas de rejeição – ou seja, 800 pessoas sentaram e escreveram um texto explicando por que não iriam aceitar o seu livro. Foi um período de não atrás de não atrás de não. Godin poderia ter desistido. O que o ajudou a suportar esses anos duros foras as fitas cassete de Zig Ziglar.
Durante décadas Ziglar foi o palestrante motivacional mais famoso e bem pago dos EUA. Ex vendedor de sucesso, Ziglar começando treinando equipes de vendas. Depois montou uma empresa de consultoria de vendas e palestras, e essa empresa foi crescendo – ele escreveu 30 livros e lançou uma caixa de fitas cassete com o conteúdo dessas palestras que virou sucesso de vendas. Voltando das reuniões fracassadas com editores – muitas vezes eram horas de estrada – Godin vinha ouvindo coisas como: “Fracasso é um evento, não uma pessoa. O dia de ontem terminou na noite passada. Hoje é um novo dia, e ele é seu”.
Enquanto escutava as fitas até estragar (ele acabou comprando uma caixa nova) e decorava os livros, Godin começou a se corresponder com Ziglar. Os dois começaram a se encontrar, e cada encontro gerava uma avalanche de cartas de lado a lado. Foram ficando amigos. Numa palestra em Milwaukee os dois estavam escalados para subir ao palco, além do ex-presidente Gerald Ford. Na sala VIP Ziglar e Godin ficaram conversando o tempo todo enquanto Ford olhava para as paredes.
Em 2011, prefaciando uma edição do “Performance Planner” de Ziglar, Godin detalhou o grande impacto de Ziglar sobre sua vida: “Há vinte anos, quando meu negócio estava estagnado, Zig se fez ouvir. Por horas e horas, todos os dias no carro (em fitas que literalmente derreteram de tanto uso), Zig me cutucava, incentivava e, principalmente, me desafiava. Lembro da longa viagem de volta para casa após mais uma venda fracassada, uma ou duas horas que poderiam ter sido gastas planejando como eu iria desistir – em vez disso, Zig me ajudava a planejar como eu iria continuar.”. No blog de Tim Ferris Godin explorou essa ideia melhor: “Quando as rejeições parecem de caráter pessoal, se você (...) não entender que o que estão rejeitando é o trabalho, não a pessoa, fica muito fácil desistir. E essa foi a transição que eu precisava fazer. Você não gostou dessa ideia. Não é que você não gostou de mim. O que posso aprender com a sua crítica à ideia para que a próxima seja melhor?” A lição de Ziglar estava aí.
Godin não desistiu e se tornou ele também um autor de sucesso, publicado em 38 países, e um palestrante milionário. No final da vida de Ziglar, Godin prefaciou e editou alguns dos seus livros, agora já não se tratava de mestre e aprendiz, ídolo e fã, mas dois parceiros colaborando e criando juntos. Ziglar morreu em 2016, mas sua empresa existe até hoje com base nos ensinamentos que ele deixou.